Fado com dono
Fado com dono – Fado du maitre
Letra : Maria do Rosario Pedreira
Música : Armando Machado (Fado Cigano)
Tradução : Jean-Charles Rosa
Diz quem já me ouviu cantar / Ceux qui m’ont entendu chanter
Que, quando soa o meu canto / Quand mon chant retenti
A terra inteira estremece / La terre entière tremble
E os rios perdem o mar / Les fleuves perdent la mer
E as pedras rolam de espanto / Les pierres roulent d’étonnement
E até o mal se enternece / Même le mal semble touché
Diz quem meu Fado conhece / Ceux qui connaissent mon Fado disent
Que ele enfeitiça, e encanta / Qu’il ensorcelle et enchante
E comove, e tira o sono./ Qu’il émeut, et rend insomniaque
É a paixão que entretece / C’est la passion qui tisse
Os fios de quem o canta / Les fils de qui le chante
Porque o meu Fado tem dono. / Parce que mon Fado a un maitre.
Eu canto para procurar / Je chante pour trouver
Aquele que já foi meu / Celui qui fut mien
E a morte me arrebatou. / Que la mort m’a ravi
Não desisto de cantar, / Je n’arrête pas de chanter
Chamando o nome de Orfeu / Appelant le nom d’Orphée
Em todo o lado aonde vou. / Partout où je vais.
Mesmo que o saiba fechado / Même si je le sais enfermé
No Inferno mais profundo/ Dans l’Enfer le plus profond
E não me aguarde outra sorte / Et qu’un autre destin ne m’est pas réservé
Levo comigo o meu Fado- / J’emmène avec moi mon Fado
Vou até ao fim do mundo / Je vais jusqu’aux confins du monde
Para morrer da sua morte / Pour mourir de sa même mort.